quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Artigo do senador Demóstenes no Blog do Noblat


Reino Unido e o império dos farrapos


A notícia de ultrapassar o Reino Unido no ranking do PIB mundial é tida pela tigrada lulodilmista como vitória da dupla pós-2002.

Recomendável guardar os foguetes ou restringi-los ao réveillon na Base Naval de Aratu. A principal responsável pela ascensão econômica é a estabilidade, herdada de Itamar Franco – o mérito dos sucessores está na manutenção. Os demais ingredientes têm muito pouco ou quase nada a ver com o governo.

De Aratu, onde passa as férias de verão com a família, a presidente viu seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que em 20 anos o padrão de vida aqui se igualará ao do Velho Mundo.

Poder projetar as próximas décadas é um dos resultados do equilíbrio financeiro, mas o ministro deixou em aberto um axioma: o Brasil vai ter nível de Europa porque continuará crescendo ou porque a Europa continuará caindo?

Se não investir seriamente em Educação, infraestrutura, ciência e tecnologia, o Brasil corre o risco de descer a ladeira e chegar aos anos 40 deste século pior que em meados do século anterior.

Deixar para trás Itália e Espanha, como agora superou Inglaterra e quejandos, nada significa internamente. O Brasil sai do terceiro mundo, mas o terceiro-mundismo não sai do Brasil.

Talvez logo chegue ao 5º lugar, mas se insistir no populismo o declínio parece tão assegurado quanto a escalada. A turma do “nunca na história” mantém a dependência de commodities, como sempre na história.

Desde os primeiros tempos da colonização, exportamos minérios e produtos agrícolas. Ambas as áreas, é preciso ressaltar, contam com forte oposição da presidente e sua equipe.

Veja-se o caso da Vale. Estatal, amargava no vermelho. Privatizada, é uma das maiores companhias do mundo. O sucesso não impediu o governo de usar sua máquina para derrubar o líder que conduziu a empresa para o patamar que tanto orgulha o País.

Os ruralistas são as vítimas preferidas do petismo: financia com dinheiro público hordas para tomarem-lhe as terras, barra pesquisa para melhorar a produtividade e os achincalha até nos exames aplicados a estudantes em âmbito nacional.

Portanto, o meteoro seria estrela cadente se a luz dependesse da companheirada. A escola em tempo integral empacou, a saúde ficou sem R$ 40 bilhões que poderiam minorar-lhe o caos, a segurança pública permite 50 mil assassinatos por ano e as estradas em frangalhos colaboram para matar outros 50 mil no mesmo período.

A incompetência é useira em fechar os círculos: o gasto com acidentes, na faixa dos 15 bilhões em 2011, é quase tudo o que os colégios precisam para ficar com os alunos das 7 às 19 horas.

É nisso que se espera a aproximação do Brasil com os britânicos: o ensino chegar perto, a qualidade de vida encostar, o IDH se parecer. Não precisa nem ultrapassar.

Há algo de podre no reino da desigualdade se até os países em ruínas oferecem a seus cidadãos mais que os presididos por rotos que comemoram quando superam os esfarrapados.