quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Coluna Poesia

2010 começou com péssima notícia para a cultura brasileira: a morte do poeta Antônio Geraldo Ramos Jubé. Conhecido por A.G.Jubé, o escritor integrava o Ministério Público de Goiás, mas seu talento ganhou asas com os pés no chão de todo o Brasil de admiradores. A seguir, leu versos inspirados em outra glória nacional que nasceu em Goiás, o Rio Araguaia.


Descrição do Araguaia

A.G. Ramos Jubé


O tempo inexiste. Dia e noite
são faces da mesma eternidade
A eternidade da areia construída
de pequeninas coisas acumuladas.

Em dois braços o rio nos envolve.
Move-se em suas entranhas
um ser de frangível armadura.
O aço o rouba a seu elemento.

Despojado de seus atributos
em postas claras jaz.
A barbatana chicoteava
o crespo pelo da água.

Exploramos os indícios da praia.
Alguma fome esconsa nos consome
como se nos escapasse, a todo instante,
a essência do homem.

A gaivota se equilibra
          aflita
               no arame do ar.
E a noite de Matacoirá
é um jaó, incessante.

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