segunda-feira, 1 de março de 2010

Coluna Cinema - por João Paulo Teixeira

Gerações inteiras foram influenciadas pelos filmes que abordam o eldorado norte-americano e o modo de vida western. Por encontrar ressonância no Brasil agrário, o gênero também estimulou, por aqui, uma intrincada relação entre música e a moda e abriu espaço no imaginário popular para o célebre “mito do caubói”. Ainda hoje, a estética deste cinema ainda faz a cabeça dos milhares de amantes do mundo country.


Um dos melhores expoentes deste tipo cinematográfico é O Homem Que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962), dirigido pelo americano John Ford. Acima da típica versão romântica do conflito de gatilhos, o filme usa um enredo elaborado para retratar o dilema de um jovem advogado ao se deparar com a lei truculenta do oeste, as dificuldades para implantar a democracia e a maneira tortuosa de fazer valer a ordem e a liberdade de imprensa.

A história que submerge estes valores se inicia com o recém chegado advogado Ranson Stoddard (James Stewart). Antes de pisar na pequena cidade do oeste na qual decide ganhar a vida, ele é assaltado pelo bandido do lugar, o temível Liberty Valance. Ao salvar uma idosa, o advogado acaba açoitado pelo vil ladrão.

Sem Justiça eficaz para prender o quadrilheiro, Stoddard se vê em conflito ético: usar as mesmas armas truculentas do assassino ou se acovardar perante a tirania. Então, o advogado decide lecionar na cidade e instruir os moradores do lugar contra a perversão simbolizada por Liberty Valance.

Simultaneamente, o caubói experimentado Tom Doniphon (John Wayne) mostra ao jovem professor que, além de boas maneiras e educação, é preciso mais que livros para livrar a cidade do atraso e combater inimigos tão cruéis. Para endossar ainda mais a trama, Stoddard e Doniphon disputam o amor de Halie, uma típica filha de imigrantes suecos que habitavam o oeste norte-americano.

A história é contada em flashback, enquanto o então senador Stoddard volta à cidade para o funeral de um velho amigo. Tese de doutorando defendida na Universidade de São Paulo (USP) sustenta que o filme é o melhor já filmado no gênero. A conclusão do estudo é que John Ford conseguiu reunir, em uma única obra, a arte, história e a lenda.

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