*Artigo publicado originalmente no Blog do Noblat em 03/09/2009.
Ao mestre com carinho
O vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva, é desde o primeiro mandato a fonte de boas notícias do governo. A seriedade, o bom senso e o equilíbrio tiveram nele ancoradouro seguro, pois o país inteiro é tributário de suas virtudes.
Símbolo de vitórias, sua biografia reúne um repertório de lutas desde a infância e, se sua trajetória ainda não virou filme de 70 milhões de reais ou volume de panegíricos, deve-se ao fato de não ter parado de trabalhar. Sim, ele também nasceu na roça. Sim, sua família também era humílima. Sim, ele também começou na labuta ainda criança. Sim, ele também migrou para a cidade grande. Mas, não, ele não teve a esperteza de arrumar um barranco sociológico para se encostar. Não, ideologia não era com ele, muito menos a remunerada. Até nisso habita a sua grandeza.
Quem o conhece o classifica de empreendedor, sedutor, vendedor, com as três qualificações destinadas aos negócios. Em vez de arrumar uma boquinha no serviço público ou num sindicato, aos 18 anos montou a primeira loja. “Ah, então foi dinheiro do pai”, dirá a gente que supõe não haver vida fora do contracheque ou do direito de herança.
Qual nada. Era filho de um dono de birosca no meio do nada, na Zona da Mata mineira. Onde uns viam acomodação, notou oportunidade. Só que, em vez de se tornar um amontoado de frases de palestras de administradores, virou senhor de seu próprio tomo. À própria custa, pelos próprios méritos.
Graças ao tino e aos esforços, restou industrial de âmbito planetário e já exportava para meio mundo quando resolveu se candidatar, caminho inverso de quem entra na política para ficar rico. Vinte e cinco anos antes de estrear no primeiro mandato, em 1999, sua fábrica já era uma das mais modernas das Américas, vestia a Europa. E ainda bem que entrou na política, honrando a tradição mantida por JK e Tancredo Neves, ao levar para o Senado o que Minas tinha de melhor.
Para chegar aos maiores cargos do Legislativo e do Executivo, Alencar dispensou a demagogia de se vender como um Silva de origem humilde. Não quis saber igualmente de cometer gafes sucessivas e lanhar as costas do coitado do Português somente para dizer que fala a língua do povo. Não é o seu feitio.
A matéria de que foi feito é diferente, resiste a tanta vicissitude que a gente fica a se perguntar de onde vem tamanha coragem, tão bem acabada irresignação. A fibra utilizada para derrotar a pobreza em Itamuri é apenas mais uma do feixe apresentado ao Brasil para encarar uma doença grave, o câncer.
Suas cirurgias e seus tumores são contados às dezenas. Mas as pessoas que conquista com essa transparência se contam aos milhões. Por isso, tudo que conduz reverbera, tudo que pronuncia é mantra.
A veneração a sua figura nos faz esquecer de que é bem-sucedido nos negócios e até de que é vice-presidente da República. Aquele ali que está na TV esbravejando contra o mal não é um político ou um empresário. Aquele ali é uma demonstração de que a espécie humana ainda tem jeito, de que nem tudo no governo é Sodoma e Gomorra. Veja-o distribuindo esperança.
Quem o ouve e está chateado por problema menor se dá conta de que deve reagir porque aquele homem bom está lhe dizendo que vai vencer. Quem o vê e mergulhou num quadro depressivo, de estresse, essas tragédias contemporâneas, recebe energia limpa daquele que está ali, na idade em que a maioria já se aposentou, com diagnóstico que teria dobrado a cervical.
Ele mesmo não se quer messiânico. É apenas um homem submetido aos desígnios de Deus. Mais que isso. Ali está o líder alçado ao posto não por pretendê-lo, mas por merecimento. Ali está o apóstolo de uma causa, a maior delas, a vida. Vida é a boa notícia que José Alencar Gomes da Silva está espalhando na terra fértil de seu exemplo.
Demóstenes Torres é Procurador da República e senador pelo Democratas
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