quinta-feira, 26 de maio de 2011

Artigo: Demóstenes no Blog do Noblat



#Voltaprotwitter,Presidente

As discussões no microblog Twitter nos tiram parte do tempo de ler, mas tiram a ferrugem da digitação e se revelam uma boa maneira de encerrar o expediente – no meu caso, depois das 10 da noite. São travados excelentes debates, com o defeito da exiguidade de espaço e a virtude da interatividade total.

Os participantes não param de surpreender com seu vasto conhecimento e a diversidade de opiniões. Há desde doutores, literalmente, em determinada área àqueles que entram apenas para desopilar o organismo, principalmente na defesa do governo.

Como costumo escrever ao me despedir, tantos são os colegas de bate-papo que não consigo atender sequer à metade, responder muito menos, mas mantenho com todos o nível de elegância, urbanidade. Inclusive, por agradecimento, já que me ajudam a fazer projetos.

O Twitter é uma excelente ferramenta, também, para se auferir o pensamento acerca dos assuntos do dia. O enriquecimento rápido do ministro, os livros ensinando a usar erroneamente a Língua Portuguesa, os R$ 4,5 bilhões de reais doados ao Paraguai, as falhas na política externa, a criminalização da homofobia, as palestras de meio milhão de reais, enfim, a novidade do momento.

E me pedem para dar palpites sobre casamento dos nobres na Inglaterra, as fronteiras desguarnecidas e a escorregada da vez dos governistas. São, em média, duas horas por dia, nem todo dia, porque na agenda rotineiramente tumultuada não é raridade deixar a turma esperando.

Quando abro o @demostenes_go estão lá as perguntas: “Vai haver debate hj?”, “Q preparou p/esta noite?”.

Desde o mês passado, as interrogações têm sido minhas, sobre a situação das Forças Armadas e da Polícia Federal. Entre os mais de 22 mil “seguidores” estão integrantes desses órgãos e seus familiares, que enviam informações desagradáveis, porém verdadeiras.

Do Mato Grosso, chega a notícia de que “apenas 60 PRFs cuidam de toda a fronteira” do Estado, “numa distância de mais de 1.000 quilômetros”. Tem rendido bastante o sucateamento da Polícia Rodoviária Federal e da PF, além de Exército, Marinha e Aeronáutica.

Alguns dias depois de publicado pela “Folha de S.Paulo”, postei trechos do estudo do Ministério da
Defesa sobre os equipamentos militares quebrados ou já inservíveis. As conversas que se seguiram foram esclarecedoras.

Alguns se disseram em choque com os dados. Na Marinha, por exemplo, só 132 dos 318 equipamentos funcionam.

Dos 98 navios, apenas 48 vão à água. Dos 67 helicópteros, apenas 22 prestam. Dos 74 blindados, 33. Dos 30 canhões, 15. Dos 26 lançadores de mísseis, 12. E, dos 23 aviões, por si só uma quantidade ínfima, apenas dois ainda se equilibram no ar, para observar quase 10 mil quilômetros de litoral, contadas as reentrâncias.

O abandono do Exército também é absurdo, com 2.731 equipamentos inservíveis. Quase metade dos blindados não se move, assim como mais de 50% dos helicópteros.

A Aeronáutica tem 789 equipamentos e só 357 ainda prestam: dos 208 caças, somente 85 voam, metade dos veículos de patrulhamento está quebrada, apenas 30% dos equipamentos de inspeção de vôo ainda funcionam e, dos 73 helicópteros, mínimos 27 giram as hélices.

A reação é imediata, sempre, com mensagens democráticas, pró e contra qualquer coisa, num bom humor que faz falta em outros meios.

Sobre o sucateamento das forças de segurança, houve até quem dissesse que são desnecessárias fora do regime de exceção, mas 90% se mostraram indignados. Pior que isso, intranquilos.

Seria bom se a presidente Dilma Rousseff retomasse seu diálogo com o público, não apenas na coluna de jornal. Ali, ela responde a três perguntas por semana. No Twitter, seriam mil por hora sobre um governo que se arrasta. Talvez multiplicasse por 20 seu prestígio com os tuiteiros.

Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)



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