sábado, 14 de maio de 2011

Artigo: Demóstenes no jornal Tribuna do Planalto



A verdadeira marcha da maconha

Demóstenes Torres

 
A Polícia Civil realizou na última semana, em Silvânia, a maior apreensão de maconha em Goiás. Foram 2,2 toneladas da droga, além de oito veículos roubados. Os traficantes comandavam a operação de dentro do presídio de Aparecida de Goiânia. A facilidade com que a quadrilha circulava pelas BRs até o Mato Grosso evidencia as necessidades das vitais Polícias Federal e Rodoviária Federal. O que está ruim vai piorar: a presidente Dilma Rousseff cortou no orçamento de combate ao tráfico.

Silvânia é uma histórica e bela cidade na região da Estrada de Ferro. Tem grande produção agrícola, mas nenhum pé de maconha plantado em seu território. Então, até chegar, a droga atravessa da Bolívia na verdadeira marcha da maconha, que não começa nas plantações de Evo Morales, mas no Palácio do Planalto. A origem tem de ser atribuída a quem mais a favorece, os alisadores de cabeça de bandido. Um crime puxa outro e o tráfico de drogas puxa os piores: formação de quadrilha, estupros, assassinatos. Quando o delito é leve, se constitui apenas etapa para os graves.

A quadrilha presa roubava veículos em Goiânia e levava-os por centenas de quilômetros de rodovias federais até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, para trocá-los por armas e drogas. Depois, os criminosos refaziam o percurso com a maconha para distribuí-la em Goiás e no Distrito Federal. Ocorre o mesmo nas BRs do Sudoeste goiano. Em todos os lugares, as apreensões são frutos do heroísmo de patrulheiros da PRF, agentes e delegados da PF, que trabalham sem estrutura. Se lhes fosse oferecido o mínimo necessário, os carros não atravessariam daqui para lá nem a droga de lá para cá. O que é obrigação virou sonho. No Brasil real das BRs, em algumas barreiras há apenas um patrulheiro responsável por fazer valer a lei. Por mais boa vontade que tenha o policial, é impossível encarar bandidos fortemente armados utilizando-se apenas da coragem.

Apesar do problema endêmico das drogas, o governo federal optou por reduzir os recursos para o trânsito de policiais federais no combate ao tráfico. Era tudo de que a bandidagem precisava: menos policiais em ação e a estrada livre para distribuir os entorpecentes pelo país. Soma-se ao descaso o acaso geográfico. Goiás tem um incrível potencial logístico, ligando todos os pontos do país. Os traficantes enxergam esse potencial, mas o Ministério da Justiça, não. Enquanto os criminosos investem cada vez mais, pistas de pouso e rodovias permanecem sem fiscalização. A encrenca acaba sobrando para as polícias estaduais.

No ano passado foram descobertos aeroportos clandestinos em diversas regiões. Apenas o governo federal poderia impedir o uso do espaço aéreo goiano para o tráfico, mas, mesmo com tantas evidências, quase nada é feito. Pelo contrário, líderes da presidente preferem falar sobre os benefícios de plantar maconha e formar cooperativas de doidões. O dinheiro da agricultura familiar seria tirado dos pequenos produtores, como os de Silvânia, e iria para os semeadores de erva. Os recordes de apreensões continuarão como as verbas da PF e da PRF: não vão durar muito.

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