No início de fevereiro, Dilma Rousseff comemorou em discurso a ficção lulista de que, enfim, “o Brasil se eleva, com vigor, a um novo patamar de nação”, como se D. João tivesse acabado de fugir de Lisboa ou D. Pedro, minutos antes, houvesse proclamado a Independência.
Dissecado frase por frase, o pronunciamento da presidente assusta quanto ao futuro, principalmente nesses dias em que o governo oficializa o Lulês no lugar do Português e o aparelhamento até em livro didático.
A presidente admite que “nenhum espaço pode realizar melhor o presente e projetar com mais esperança o futuro do que uma sala de aula bem equipada, onde professores possam ensinar bem, e alunos possam aprender cada vez melhor”.
A atitude seguinte a essas palavras foi distribuir material didático concordando com a inimizade de Lula às concordâncias e endeusando sua administração marcada pelo populismo.
Se é assim que Dilma “projeta o futuro com mais esperança”, as escolas vão continuar sem equipamentos e os professores, desassistidos.
O “aprender cada vez melhor” da presidente é algo do gênero “Por uma vida melhor”, o livro distribuído a cerca de meio milhão de jovens com a intenção de validar o dicionário de gafes cometidas pelo antecessor.
A obra do governo Dilma prega que Lula acerta ao proferir pérolas que deveriam ter ficado na ostra, como “nóis fais palestra de 500 mil real” ou “nóis vai visitar o apartamentão de 6 milhão e 600 mil”.
Fernando Haddad, o ministro da Educação, sofre as críticas que deveriam ser depositadas na conta de sua chefe.
Dilma foi eleita prometendo construir “6 mil creches e pré-escolas” (continuam empacadas), “garantir a qualificação do ensino universitário” (nenhuma universidade entre as melhores do mundo), “possibilitar que os professores tenham, ao menos, curso universitário e remuneração condizente com sua importância” (a realidade das escolas grita exatamente o contrário).
O rol é grande e, 10% do mandato depois, permanece sendo letra morta.
Dilma é mais Dilma no item 38 de sua extensa lista de promessas. Garantiu “proteger as crianças e os jovens da violência, do assédio das drogas e da imposição do trabalho”.
O que se vê é o aumento do uso de entorpecente, inclusive dentro das unidades de ensino, que às vezes se transformam em bocas-de-fumo.
É total a participação do governo nesse absurdo, pois seus lideres partidários defendem a maconha, ajudados pela bancada oficial, autora de um ciclo perigoso: praticamente proibiu a família de internar os viciados crônicos e, em vez de tratamento, os malucos receitam a liberação de mais erva.
Ainda ecoava a voz da presidente assegurando “proteger as crianças e os jovens da violência” quando começou a série de apreensões de armas em colégios. Um dos motivos provavelmente é o Executivo comparar o “assédio das drogas” à “imposição do trabalho”.
Para o governo, um jovem trabalhar é equivalente a fumar crack. Erradicar o labor infantil é uma causa, colocar o entorpecente no mesmo patamar da faina define bem o que o governo acha de quem o sustenta.
É equívoco crasso transformar em políticas públicas de Educação o achincalhe ao trabalho, a apologia às drogas e o aparelhamento das escolas.
Agora, incutir na mente do alunado que o errado é certo dá um nó na formação. Chamar de “preconceito linguístico” quem combate frases como “nós pega o peixe” faz parte da tática de quem evita ensinar a pescar. Não estava no plano de governo da presidente, mas era praxe nas apresentações que lhe fazia seu antecessor.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)
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