Luiz de Aquino é um poeta brasileiro nascido em Caldas Novas-GO. Autor de livros de contos, crônicas, história e, principalmente, poesia. Os poemas a seguir, inéditos e exclusivos para o site do senador Demóstenes, são da obra “De amor e pele”, seu próximo lançamento. Para conhecer mais, http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/
Acre, ácido; abrasivo.
Não seja este, talvez, o tempo
de se plantar amores, carícias
e outras flores
do mesmo feitio. Tenho visto que murcham
as pétalas de afago mal semeadas:
terra imprópria, tempo seco,
solo árido, talvez.
Vali-me de boa semente,
revolvi entre as rochas;
pensei achar solo de bom húmus;
plantei em pétalas
e pólen de bom aroma.
Soprava leve a brisa. Virou vento,
fez-se forte. Trouxe chuva e granizo,
vergou-se caule broto
de folhas virgens e murchou-se a muda
dos meus zelos.
Debalde! Desisto da flor
e dos amigos.
Quem sabe eu ganhe uns dinheiros
e passe a comprar silêncios?
Rés do chão, ao olhar
O táxi, a chuva, madrugada,
o tempo, pessoas e a vontade.
Havia um quê de estranho.
É sempre assim a vez primeira,
um estar insistente e tenso
– tensão, tesão e medo.
Hormônios em êxtase e ávidos,
peles e pêlos ostensivos, nus.
Bocas sedentas, secas, quentes.
A noite anda, e aviva a chuva.
Há o ar de espera e ansiedade...
A mão diz adeus, a boca assente.
A pele, não; espera. E acerta
um dia além, futuro e breve:
o mérito é mútuo.
Chiado de rodas no asfalto,
longe e líneo. Olhar frustrado
e baixo: é linha de terra.